- Área: 880 m²
- Ano: 2017
-
Fotografias:atelier XYZ
-
Fabricantes: CIN
Coleção de Serralves: 1960-1980 reúne obras de artistas portugueses e estrangeiros da Coleção do Museu de Serralves. Esta nova mostra, que marca o início de uma série que dará visibilidade permanente à Coleção de Serralves, privilegia as décadas de 1960 e 1970 como fundamentais para a nossa compreensão da arte contemporânea e para o desenvolvimento da Coleção desde a criação da Fundação de Serralves em 1989. Os trabalhos apresentados refletem a diversidade da produção artística, indo desde os primórdios do pós-minimalismo e da arte conceptual e suas expressões em Portugal e em diferentes partes do mundo até à experimentação com a abstração, a representação figurativa, a performance e o uso de novos meios.1
Quando a diretora do museu, Suzanne Cotter, nos convidou para desenhar a exposição sobre a coleção, desafiou-nos a encontrar uma solução inteligente para mostrar ao grande público os tesouros do museu. Tínhamos uma sequência definida pelos três curadores (Cotter, Ribas, Nicolau), uma narrativa construída e uma história para contar, porque há sempre uma história para contar, feita de heróis. Tínhamos as salas do museu desenhado por Álvaro Siza, espaços fortemente humanizados. Tínhamos a paisagem, lá fora, cá dentro. Uma característica constante da direção do museu, desde a chegada de Suzanna Cotter, foi a de manter as janelas com vista para o jardim como parte integrante de cada exposição, assim como foi pensado pelo autor do museu.
O público é conduzido pela paisagem que entra de repente nas salas em forma de cores que sobem pelas paredes até aos tetos do museu. São as cores do jardim. As sete cores ritmam as salas como separadores de grupos narrativos, criando âmbitos definidos onde os expositores flutuam no espaço para tentar não contaminar a relação entre as obras, entre os artistas. Ajudam as repentinas mudanças de escala entre obras e espaço, entre o visitante e o museu.
É a partir dos anos sessenta, e a seguir nos setenta, que a consciência social e ambiental dos artistas se mistura com as práticas e com as técnicas de representação. De Arte Povera até Body Art - as peças de Etel Adnan, Helena Almeida, Richard Artschwager, John Baldessari, Lothar Baumgarten; René Mel Bochner, Fernando Calhau, Alberto Carneiro, Merce Cunningham, Marlene Dumas, Hans-Peter Feldmann, David Goldblatt, Dan Graham, Giorgio Griffa, Richard Hamilton, Jannis Kounellis, Fernando Lanhas, Álvaro Lapa, Marwan, Cildo Meireles, Ana Mendieta, Robert Morris, Antoni Muntadas, Bruce Nauman, Silke Otto-Knapp, Nam June Paik, Charlotte Posenenske, Yvonne Rainer, Paula Rego, Gerhard Richter, Joaquim Rodrigo, Martha Rosler, Dieter Roth, Ed Ruscha, Julião Sarmento, Nikias Skapinakis, Robert Smithson, Ângelo de Sousa, Ana Vieira, Pires Vieira, Franz Erhard Walther, Hannah Wilke, Lynette Yiadom-Boakye (entre outros) - vibram entre os espaços de cor.
Há salas grandes, quartos que parecem wunderkamera.
Foi a maneira que encontramos para surpreender e mostrar os tesouros da coleção.
Há muitos anos, num passeio pelo Porto com Pierluigi Nicolin e Giovanna Borasi, Pierluigi incumbiu-me de uma missão: colorare Siza!
Nunca mais pensei naquilo, mas aconteceu.
Ainda vai acontecer.
1 nota dos curadores.